domingo, 23 de outubro de 2011

Terças-feiras de Chuva

"Há uma porção de coisas minhas que você não sabe, e que precisaria saber para compreender. São coisas difíceis de serem contadas, mais difíceis talvez de serem compreendidas "

"Mais um dia", foi esse o pensamento da doce garota amarga ao levantar da cama naquele dia nublado, fato que a deixava um pouco mais feliz.

Fez tudo com sempre, mesmo detestando isso que chamam de rotina. Era um dia normal, como qualquer outro que tem vivido nesses últimos tempos. Mas o fato de ser terça-feira nublada a arrancava um pouco de alegria. Eis que chega a tarde. Tarde de terça-feira, céu nublado, para
ela o momento ideal para ficar em um canto qualquer da cidade, fazendo seja lá o que for. E assim o fez. Sentou em um banco qualquer de praça, sob as nuvens escuras no céu, com seus fones, fiéis companheiros.

Mas se arrependeu por ter ido, por ter sentado, por ter ficado.
Ficar sozinha, em um lugar muito calmo a fazia pensar demais, a fazia perde-se no mar dos pensamentos e sentimentos que o silêncio despertava. A correria e a falta de tempo sempre se encarrega de evitar tais coisas. Mas o silêncio naquele momento era demais.

E voltou à tona tudo aquilo que estava sempre tão bem guardado. Ninguém a conhece muito bem, ninguém sabe o que se passa com ela, ou dentro dela, nem percebem como as vezes ela gostaria de carinho, nem desconfiam que por trás dessa pose de garota auto-suficiente existe uma garota às vezes carente e frágil. A doce garota tem tentado ver o lado bom de tudo, e finge estar sendo fácil - porque ainda há pessoas que precisam de cuidado e carinho, os quais está disposta sempre a dar, a quem precise - enquanto por dentro as coisas continuam instáveis o bastante para a confundir. Mas olha para trás e percebe o quanto foi forte e o quanto ainda pode suportar.

O barulho - agora perceptivél - dos carros a desperta dos devaneios, que sorri ao ver um sorriso encantador de uma criança sorrindo pra si.

Antes de ir embora dali pensou mais um pouco, adentrou-se novamente no oceano de seus pensamentos. Alguns acham que a conhece perfeitamente, leve engano, outros não a querem conhecer, talvez não queiram mais problemas, ou não estejam interessados o bastante. A verdade é que de todo mundo, ninguém sabe tudo, sabem quase nada. Mas para ela, melhor assim. Tem uma teoria de que, segundo ela é ruim que saibam tudo sobre você. Se torna tudo tão previsivél e pouco encantador. Não é bom deixar que saibam tudo, talvez seja esse o motivo de ser meio reservada quando o assunto são seus sentimentos. E ela vai continuar assim, vendo o lado bom de tudo, vivendo as tristezas, e alegrias, essas principalmente, vai continuar tendo força e distribuindo esse pouco que tem para aqueles que tem precisado. E vai continuando, e vendo onde tudo isso ainda vai dar.

Despertou novamente dos pensamentos, dessa vez com o cair da chuva. Tratou de abrir o guarda-chuva e partir dali. Com seu fone sempre ao ouvido, e o sorriso nos lábios, se deliciando com as gotas geladas da chuva.

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